Em “Switch – trocaram meu sexo” o personagem Steve Brooks (Perry King) é um mulherengo odiado pelas mulheres que cai numa cilada preparada por suas três ex-namoradas Margo Brofman (Jobeth Williams), Liz (Lysette Anthony) e Felicia (Victoria Mahoney), sendo assassinado. No purgatório, ele descobre que está prestes a ir para o inferno por maltratar as mulheres. Para se livrar do castigo eterno, a única maneira é retornar a terra e tornar-se amado pelo menos por uma única mulher. Steve aceita o desafio divino, mas o diabo reclama sua alma e exige que ele volte como mulher (Ellen Barkin).
Transformado, Steve tem dificuldade de aceitar sua nova condição. Sem opção, assume a identidade de sua meia-irmã, Amanda, e procura ajuda com seu melhor amigo Walter (Jimmy Smits) e sua ex-namorada Margo (Jobeth Williams), a quem revela toda a verdade. Como mulher, Amanda/Steve assume suas atividades na empresa de publicidade e se torna alvo do assédio masculino. Para conseguir a representação da conta publicitária de uma empresária de cosméticos, Sheila Faxton (Lorraine Bracco), que é assumidamente lésbica, Amanda/Steve tenta seduzir a empresária, mas como Steve era homofóbico, ele começa a entrar em conflito consigo mesmo, sem saber qual a sua verdadeira orientação sexual, já que ao mesmo tempo, enquanto mulher, ele começa a sentir atração por seu velho amigo Walter.
É interessante perceber durante o filme que a representação de Deus, a voz que emana da luz divina, é masculina e feminina, numa concepção freudiana da condição inerente da bissexualidade do ser humano. No roteiro, o divino será chamado “He/She” (Ele/Ela) e não “God” (Deus), palavra masculina que denuncia uma concepção machista do divino.
O filme “Switch – trocaram meu sexo” demonstra que apesar de se utilizar a fórmula da troca de corpos, o clichê foi superado pelo modo inteligente do tratamento do roteiro e da direção. A complexidade dos personagens e das situações apresentou uma visão crítica dos preconceitos, das homofobias, e uma tentativa de superação dos estereótipos, mostrando a importância dos afetos que também são inerentes na relação homossexual, desvinculando-a da ideia de jocosidade ou perversão sexual.
Deste modo, percebe-se que o cineasta trabalhou com os conceitos de pulsão, desejo e repressão, de base psicanalítica, representando em imagens a ideia do conflito psíquico e da divisão, fundadora do sujeito, entre consciente e inconsciente de Freud, além da ideia da bissexualidade do ser humano, simbolicamente representada pela imagem do divino (“he/she”). E também trabalhou a questão central da diferença sexual já que “a realidade do inconsciente é sexual”, a partir da trilogia de Lacan do real-simbólico-imaginário.
Elisabete Estumano Freire.
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Switch - trocaram meu sexo (1991)
Título original : Switch
Duração: 1h43 min (comédia, fantasia)
Direção e roteiro: Blake Edwards
Estrelando: Ellen Barkin, Jimmy Smits, Jobeth Williams
Mais informações: IMDB - SWITCH TROCARAM MEU SEXO (1991)
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Switch - trocaram meu sexo (1991)
Título original : Switch
Duração: 1h43 min (comédia, fantasia)
Direção e roteiro: Blake Edwards
Estrelando: Ellen Barkin, Jimmy Smits, Jobeth Williams
Mais informações: IMDB - SWITCH TROCARAM MEU SEXO (1991)
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