Dunkirk


O filme de Christopher Nolan (Batman: o cavaleiro das trevas; A origem) é uma visão britânica dos acontecimentos relativos à evacuação de tropas aliadas em Dunquerque (Dunkirk), conhecida como "Operação Dínamo", durante a Segunda Guerra Mundial. 
Foto real do cerco em Dunquerque (Dunkirk).
Para entender o filme, vamos primeiro aos fatos históricos: Fugindo do cerco alemão, que avançava sobre Paris, a força expedicionária britânica, o exército belga e as forças armadas francesas são empurradas para o litoral pelos tanques nazistas, que esmagavam os focos de resistência, chegando ao Canal da Mancha. O rei belga se rende, juntamente com seu exército, e a força expedicionária britânica recua para as praias de Dunquerque. Estranhamente Hitler os deixa ir. Com o apoio do exército francês, que tenta deter o avanço alemão nas cercanias, aproximadamente 400 mil homens esperam o resgate. Churchill convoca as pequenas embarcações civis para ajudar na retirada dos soldados, já que os grandes navios não podiam se aproximar da praia rasa. Sob ataque aéreo nazista, a retirada das tropas aliadas de maioria inglesa (mas incluindo em menor número franceses, belgas e holandeses), pelo Canal da Mancha, aconteceu entre os dias 26 de maio e 4 de junho de 1940. Apesar das baixas, aproximadamente 340 mil homens conseguem chegar à Inglaterra.


É essa história de um esforço conjunto de civis e militares em salvar os soldados encurralados que Nolan quis levar à telona. O cineasta, que além de dirigir é responsável pelo roteiro, não se preocupou em explicar os eventos anteriores ao cerco, nem os bastidores da cúpula política aliada e muito menos a estratégia nazista. O foco foi a luta pela sobrevivência. 

Ainda que os personagens sejam fictícios, Nolan se preocupou em ser fiel ao acontecimento histórico, incluindo diversos detalhes como os panfletos alemães para as tropas inimigas, o medo dos soldados em ficarem presos na parte inferior das embarcações num possível naufrágio, e até em relatos de suicídio de soldados que se jogaram no mar, numa tentativa desesperada de fugir do ataque alemão. Também é real a ajuda de civis que não quiseram entregar seus barcos para a Marinha Britânica e se voluntariaram para resgatar os soldados aliados, como o personagem Sr. Dawson (Mark Rylance); e o discurso de Churchill no parlamento inglês. Nolan contou com a consultoria histórica de Joshua Levine. 

O cineasta optou por uma narrativa alternada, apresentando histórias paralelas, que se entrecruzam na terra, no mar e no ar. O medo e a desconfiança de espiões entre as tropas aliadas, os constantes bombardeios e naufrágios, a tenacidade dos civis em resgatar e compreender o pânico dos soldados, além dos combates aéreos, as baixas e o sentimento de derrota infligida pelos inimigos alemães. 


Acompanhamos ainda os personagens centrais, Tommy (Fionn Whitehead), Alex (Harry Styles), Gibson (Aneurin Barnard), Farrier (Tom Hardy) e o soldado nervoso (Cillian Murphy), que lutam pela sobrevivência; a pequena tripulação do Sr. Dawson (Mark Rylance); e o comandante Bolton (Kenneth Branagh), figura inspirada no capitão britânico William Tennant, historicamente reconhecido pelo esforço em levar o máximo de soldados de volta ao Reino Unido.

O ataque aéreo, o avanço do exército alemão, além dos constantes naufrágios, despertam um sentimento de angústia vivenciado pelos personagens que não sabem se conseguirão sobreviver e chegar à Inglaterra. Tão perto de casa, e ao mesmo tempo, tão distantes. Muitos não conseguirão atravessar o Canal da Mancha. Um dos pontos altos do filme é a chegada das embarcações civis. Ainda assim eles temem pela recepção dos patriotas que os aguardam do outro lado da fronteira. 

O cineasta Christopher Nolan no set de filmagem
O filme emociona não somente pela competência de Christopher Nolan, mas por ser uma representação quase fidedigna de fatos reais, ainda que sob um ângulo tipicamente inglês. Talvez o erro de Nolan seja relegar a um segundo plano os esforços dos demais aliados, principalmente os franceses, que lutaram juntos contra as forças de Adolph Hitler.


Avaliação: Muito bom.

Elisabete Estumano Freire.





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