O documentário "Human Flow", do cineasta e artista chinês Ai Weiwei, é um filme-denúncia sobre a tragédia dos refugiados, que atinge mais de 65 milhões de pessoas em todo o mundo. O maior deslocamento humano desde a Segunda Guerra Mundial.
Esse e outros dramas dos refugiados são vistos de perto, como numa lupa. Apresentando dados jornalísticos extraídos das manchetes dos principais periódicos internacionais, o cineasta Ai Weiwei dá rosto e voz a essas populações. E denuncia a política de exclusão e deportação de vários países que não estão dispostos a respeitar os direitos humanos e cumprir a Convenção da ONU sobre refugiados (1951). E observa: em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, sinalizando o fim da Guerra Fria, apenas 11 países tinham as fronteiras cercadas. Em 2016, esse número aumentou para 70. A situação só se agrava, mas as lideranças mundiais não parecem sensíveis ao problema humanitário. Ações xenofóbicas violentas contra os refugiados são cada vez mais frequentes, desalojando e expulsando essas populações.
Mais que um documentário, o filme é um trabalho de reportagem que coloca em primeiro plano o sofrimento humano, alertando a gravidade da situação. O drama dos refugiados é consequência da crise mundial, que envolve todos nós. Ai Weiwei lança um olhar político, poético e filosófico sobre a condição dos emigrantes, mostrando que a questão precisa ser vista com mais atenção. Como formigas num formigueiro, os seres humanos estão interconectados, como numa cadeia ramificada, da qual todos fazemos parte. E conclui: submeter pessoas a condição permanente de refugiados é uma das piores violências que se pode cometer aos seres humanos.
Todos deveriam assistir "Human Flow". Mais que um espetáculo cinematográfico, o documentário é um alerta ao mundo. Imperdível.
Elisabete Estumano Freire,
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