12 heróis


Baseado em fatos reais, "12 heróis" narra a história de um grupo de soldados de elite que foram enviados ao Afeganistão, após os atentados terroristas de 11 de Setembro nos EUA, para combater o Talibã. Dirigido pelo fotojornalista Nicolai Fuglsig, com roteiro de Ted Tally and Peter Craig, o filme é estrelado por Chris Hemsworth, Michael Shannon e Michael Penã, numa adaptação do livro  "Horse Soldiers", do escritor Doug Stanton. 

A equipe de forças especiais Dagger dos EUA chega à base militar no Afeganistão sob o comando do capitão Mitch Nelson (Chris Hemsworth). A missão é retomar, no prazo máximo de três meses, a aldeia de Mazar, subjugada por Mullan Razan (Numan Acar), líder de um dos braços armados do Talibã. Lutando no deserto, em território inimigo, os soldados norte-americanos precisam da ajuda do general Dostum (Navid Negahban), chefe da Aliança do Norte e inimigo de Razan. 

Como num diário de guerra, o espectador acompanha o dia a dia dos soldados. Apesar da desconfiança mútua, o chefe da Aliança do Norte e o capitão Mitch sabem que precisam um do outro. O líder afegão depende das armas, das bombas e da força aérea dos Estados Unidos para enfrentar Razan, mas teme retaliação do governo de George Bush se perder soldados norte-americanos. Por outro lado, Mitch precisa entender a estratégia de Dostum para derrotar o Talibã, e não quer ficar de braços cruzados. 

A narrativa é feita a partir do embate psicológico dos protagonistas e das batalhas campais. Há uma guerra interna, de informações, e de barganha política. A frágil relação de cooperação entre árabes e norte-americanos ameaça se desfazer a qualquer momento. Enquanto isso, homens do Talibã aterrorizam aldeias e matam inocentes. Passamos a entender a motivação de Dostum e porquê o general afegão se aliou ao governo norte-americano. 

A perspectiva hollywoodiana apresenta um discurso de barbárie e civilização, em que o inimigo é visto como a negação do ser humano. Há uma exaltação do "American way of life" e da cultura pop norte-americana em oposição à cultura árabe e a dura realidade da guerra no Oriente Médio. Há muito altruísmo, coragem, inocência e camaradagem. Doze homens contra um exército do mal. Mas nessa guerra, alerta o general Dostum, é preciso lutar com o coração e ter olhos de assassino.

Como num filme de John Ford, o território afegão é apresentado quase como uma nova fronteira a ser conquistada, assim como foi o velho Oeste dos Estados Unidos. Com belas tomadas, o longa faz referências a clássicos do cinema como Lawrence da Árabia, No tempo das Diligências e Platoon.


"12 Heróis" é uma história de orgulho patriótico para confortar o sofrimento dos cidadãos norte-americanos pela tragédia dos ataques terroristas do 11 de Setembro. Apresenta uma visão romantizada da ação militar dos EUA contra o terrorismo no Afeganistão. É bem dirigido, mas serve apenas para justificar mais uma vez a intervenção militar dos Estados Unidos no Oriente Médio. Em tempos de radicalismos e pouca diplomacia do governo Trump, é mais um recado de Hollywood, a favor da guerra, que chega a ser preocupante. 

O elenco conta ainda com Michael Shannon, Michael Penã, Trevante Rhodes, Elsa Pataky, William Fichtner e Rob Riggle. 

Elisabete Estumano Freire.


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