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A cabana (2017)


Baseado no Best-seller de William P. Young e dirigido por Stuart Hazeldine, o filme A CABANA narra a história de Mack Phillips (Sam Worthington), um pai amoroso que com o desaparecimento da filha caçula Missy (Amélie Eve) perde a fé. O reencontro com Deus só será possível quando ele conseguir transformar os seus sentimentos e ver a vida sob uma nova perspectiva.

A narrativa é toda construída em flashbacks. Acompanhamos a infância conturbada de Mack e seu sentimento de impotência diante da violência doméstica, que o levou a agir de maneira inesperada. Adulto, ele carrega consigo um sentimento de culpa. Com o desaparecimento da filha de seis anos, Mack acredita que está sendo punido por Deus. Com o casamento em crise, a falta de diálogo com os filhos, ele inicia um processo de isolamento. É quando recebe uma misteriosa carta para que volte ao local do desaparecimento da menina.

O longa aborda questionamentos sobre fé, justiça e perdão, através dos embates de Mack (Sam Worthington) com os demais personagens, que representam a Santíssima Trindade e a Justiça. Deus é retratado como masculino (Graham Greene) e feminino (Octavia Spencer), numa visão descontraída, assim como o Espírito Santo (Sumire Matsubara), Jesus (Avraham Aviv Alush) e a sabedoria (Alice Braga). A utilização de diferentes tipos étnicos (latinos, negros, asiáticos e mediterrâneos) para contar essa história sobre o sagrado, tanto no livro quanto no filme, é uma metáfora sobre conceitos de igualdade e irmandade entre os povos, com a mensagem de que todos nós somos feitos à imagem e semelhança de Deus.

O filme emociona e traz à tona várias reflexões sobre o sentido da vida e a jornada individual de cada um, finalizando processos e construindo novas oportunidades. Com belas sequências, A CABANA não é apenas mais um filme sobre religião e cristianismo, mas traz uma mensagem de coragem e amor na superação das dificuldades que enfrentamos, lutando contra o ódio e agindo com discernimento. Vale a pena conferir. 


Elisabete Estumano Freire.


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A CABANA (2017) 
TÍTULO ORIGINAL: THE SHACK
DURAÇÃO: 2h 12min
Direção: Stuart Hazeldine
Roteiro: John Fusco, Andrew Lanham, Destin Daniel Cretton, 
Baseado no livro de William P. Young, com colaboração de Wayne Jacobsen e Brad Cummings.
Estrelando: Sam Worthington, Octavia Spencer, Tim McGraw, Sumire Matsubara, Avraham Aviv Alush, Alice Braga, Radha Mitchell.

LANÇAMENTO NACIONAL: 06 de Abril de 2017

Mais informações em IMDB - A CABANA (2017)

Ressurreição (2016)


Ressurreição (Risen) é o novo filme de Kevin Reynolds (Robin Wood, O conde de Monte Cristo), que narra a história bíblica a partir do olhar de um militar romano, que testemunhou a crucificação de Cristo.  Clavius (Joseph Fiennes - Shakespeare Apaixonado) é um tribuno que está à serviço do governador Poncio Pilatos (Peter Firth -Caçada ao Outubro Vermelho MI-5) no combate aos judeus revoltosos e fanáticos, que esperam a chegada de um messias.  Ao voltar para Jerusalém, ele é destacado para manter a ordem na crucificação de um líder religioso, Yeshua, nome hebreu de Jesus (Cliff Curtis - Fear the Walking Dead).  Com o desaparecimento do corpo e os rumores de que Yeshua ressuscitou, Clavius, com a ajuda de seu assistente Lucius (Tom Felton - Harry Potter) recebe a missão de investigar o mistério sobre o que aconteceu e apresentar o corpo de Jesus para desmentir os rumores sobre o ressurgimento do Messias e impedir uma rebelião em Jerusalém.
O filme apresenta uma narrativa alinear, construida em flashback, a partir do personagem Clavius, numa boa atuação de Joseph Fiennes, que se mostra como um general  incrédulo, mas ponderado, sempre em busca da verdade.  
A produção é relativamente simples para os padrões hollywoodianos de filme de época romanos, quase um telefilme, mas convence e chega a emocionar, principalmente para uma platéia religiosa, que conhece a história de Cristo.  O longa é uma ótica dica para os cinéfilos assistirem na Semana Santa.

Elisabete Estumano Freire


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Ressurreição (2016)
Título original: Risen
Duração: 1h47min (ação, aventura, drama)
Direção: Kevin Reynolds
Roteiro: Kevin Reynolds, Paul Aiello
Estrelando: Joseph Fiennes, Tom Felton, Peter Firth

Mais informações: IMDB - RESSURREIÇÃO (2016)

Ben-Hur: Uma História dos Tempos de Cristo (2016)


A nova versão cinematográfica de Ben-Hur: Uma História dos Tempos de Cristo, dirigida por Timur Bekmambetov (“O Procurado”), com roteiro de Keith Clarke (“Caminho da Liberdade”), é a terceira refilmagem do clássico de Lew Wallace feita pela MGM, desta vez em parceria com a Paramount. A primeira foi feita em 1925, época do cinema mudo, dirigida por Fred Niblo; a segunda e mais conhecida, filmada em 1959, com direção de William Wyler é um dos maiores épicos de Hollywood, vencedor de 11 Oscars, com Charlton Heston e Stephen Boyd. O remake conta com Jack Huston e Toby Kebbell, respectivamente nos papeis de Judah Ben-Hur e Messala.

Cena do clássico de William Wyller (1959), com
Charlston Heston e Stephen Boyd.
O longa conta a história de Judah Ben-Hur, um príncipe da Judeia falsamente acusado de traição por seu amigo de infância, o romano Messala, sendo preso e forçado à escravidão nas galés. Depois de muitos anos no mar, Judah volta para sua pátria em busca de vingança, mas encontra a redenção.

A refilmagem de clássicos do cinema sempre é um desafio a mais para os produtores, porque a comparação com o filme antecessor é inevitável. No caso de Ben-Hur não poderia ser diferente. Partindo desta premissa, a versão 2016 de Bekmambetov decepciona. Com produção executiva de Roma Downey e Mark Burnett (série “A Bíblia” -The History Channel, 2013), a nova versão filmada com tecnologia 3D, dispensável, e carregada de efeitos visuais, fica muito aquém da versão de William Wyler.

Bekmambetov optou por construir uma narrativa não linear, entrecortada, cheia de flashbacks e fast foward, a partir do ponto de vista do personagem Sheik Ilderim, interpretado por Morgan Freeman, que narra em voz over os acontecimentos a partir da corrida de bigas. Da arena romana, a narrativa volta no tempo, 8 anos antes, apresentando os jovens Ben-Hur (Jack Huston) e Messala (Toby Kebbell), numa disputa com cavalos. Aqui a caracterização dos personagens é intencionalmente modernosa, até mesmo nas roupas. A interpretação também é destituída do carisma e do magnetismo quase homoafetivo das interpretações de Charlton Heston e Stephen Boyd.

O uso excessivo de câmera na mão chega a incomodar, já que sem função aparente dentro da narrativa. Bekmambetov utiliza muitas sequências em planos fechados e de conjunto. Não há grandes planos gerais e panorâmicas, até pela ausência de grandes cenários. A sequência da galés romanas e da batalha naval entre romanos e gregos é bastante reduzida se comparada com a versão clean de Wyler, porém Bekmambetov é mais fiel ao ambiente sujo dos porões dos navios. O retorno de Ben-Hur como o jovem Arrius, filho adotivo de um cônsul romano é suprimido. Ele é encontrado por Sheik Ilderim (Morgan Freeman) como sobrevivente do naufrágio de galés romanas e identificado como escravo. O interesse de Judah por cavalos faz com que o comerciante aposte nele para enfrentar Messala. Entretanto, na versão de Bekmambetov é Sheik Ilderim o estrategista e profundo conhecedor de cavalos. De homem sem escrúpulos, o personagem transforma-se no conselheiro de Judah Ben-Hur.

O ponto alto do filme é mesmo a corrida de bigas. Até neste momento, Bekmambetov volta a utilizar o recurso do flashback para mostrar os pensamentos de Ben-Hur e de seu encontro com Jesus Cristo (Rodrigo Santoro). A participação do personagem de Freeman na corrida é mais efetiva, dando orientações ao protagonista. O diretor explora bem a sequência, com belas cenas, mas com uma edição mais veloz, quase videoclipada, com ângulos sinuosos, como o frontal em contra-plongèe das patas dos cavalos, praticamente impossíveis de realizar na década de 1950.

A participação de Santoro como Jesus de Nazaré é boa, mas sem a força mística da versão de Wyller. O personagem é apresentado como um homem simples, um carpinteiro com grande espiritualidade, mas seu encontro com Judah também tem seu magnetismo minimizado, apesar de ter uma participação maior dentro da narrativa se comparado com o longa de 1959. O drama vivido pelas personagens de Miriam/Naomi (Ayelet Zurer) e Tirzah(Sofia Black-D’Elia), respectivamente mãe e irmã de Judah Ben-Hur, também carece de maior projeção. Sendo o filme a história de um homem transformado pelo ódio, que reencontra a redenção após presenciar a crucificação de Jesus, o personagem de Jack Huston parece menos impactado que na interpretação de Charlton Heston. Talvez por isso mesmo o desfecho da relação entre Ben-Hur e Messala chega a decepcionar o espectador, praticamente inverossímil.


É evidente que sendo uma nova adaptação, a liberdade poética é uma premissa a ser ponderada, porém o desfecho da trama perdeu em força narrativa. Apesar dos esforços dos jovens atores, e do carisma de Freeman, o duelo entre os personagens de Ben-Hur (Jack Huston) e Messala (Toby Kebbell) foi enfraquecido. Um dos maiores erros de Bekmambetov na nova versão foi a tentativa de construir uma narrativa mais pop, o que inclui sua trilha sonora, no desejo de conquistar o público jovem, ao recontar a história de um épico cinematográfico. Ao final da projeção, a impressão que se tem é que os produtores e o diretor perderam a mão e a oportunidade de utilizar os atuais recursos da tecnologia fílmica para recriar a ambiência de época, criando um novo espetáculo digno das versões anteriores. Perdeu em vigor, escalação de elenco e cinematografia. 

Elisabete Estumano Freire

Avaliação do filme: Regular

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Ben-Hur: Uma história dos tempos de Christo (2016)
Título Original: Ben-Hur

Duração: 2h3min
Direção: Timur Bekmambetov
Roteiro: Lew Wallace (baseado no livro Ben-Hur), Keith R. Clarke
Estrelando: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Morgan Freeman

Mais informações: IMDB: BEN-HUR (2016)