Dirigido por Adrian Lyne, o filme é uma refilmagem de La femme infidele (1969), clássico do cinema francês, de Claude Chabrol, cineasta e crítico da Cahiers du Cinéma, que ao lado de François Truffaut e Jacques Rivette inaugurou a Nouvelle Vague.
Na versão norte-americana, Constance (Diane Lane) e Edward Sumner (Richard Gere) formam um típico casal de classe média, que vive nos arredores de Nova Yorque, junto com o filho Charlie (Erik Per Sullivan). Apesar de uma união harmoniosa, a rotina amornou a relação de onze anos. É quando Connie conhece o jovem e sedutor livreiro francês Paul Martel (Olivier Martinez). Da atração inicial surge um caso amoroso, quase obsessivo, que irá mudar radicalmente a vida desses personagens.
A protagonista Connie (Diane Lane), no filme de Adrian Lyne, é mais emotiva e suscetível, lutando consigo mesma num misto de desejo e culpa, do que a interpretação fria e dissimulada da personagem Helène, de Stéphane Audran, na versão original. A performance de Diane Lane, inclusive, foi muito elogiada, sendo a atriz premiada pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema e pelo New York Film Critics Circle Awards, além de ter sido indicada ao Globo de Ouro e ao Oscar. Por outro lado, a atuação de Richard Gere, no papel do marido traído, é tão forte quanto a de Michael Bouquet, ainda que o ator francês busque uma dissimulação maior do personagem.
Claude Chabrol, que era um verdadeiro cronista da sociedade francesa, gostava de realizar filmes que expunham a fragilidade humana com personagens mesquinhos, odiosos e ambíguos, trabalhando sempre a aparência versus essência. A obra La femme infidele (1969) pareceu cair como luva para o diretor britânico, outro crítico social, conhecido por seus filmes erotizados com alto teor moralista, em que o desejo sexual vem atrelado à culpa e punição (Atração Fatal, 9 ½ Semanas de Amor, Proposta Indecente, Flashdance).
O remake de 2002 é mais intenso em erotismo, drama e suspense que o filme de 1969. Ainda que as diferenças culturais e de época interfiram na obra, em muitos momentos Adrian Lyne buscou não se distanciar muito do original, através dos elementos cenográficos e da direção de atores, trabalhando na interpretação o olhar e o não dito. Ele também abusou da excessiva ambigüidade dos personagens, no arrependimento e na reflexão sobre um passado não realizado, mas possível num dado momento. A dor e o sofrimento dos protagonistas, num conflito entre a culpa e a redenção, construiu uma nova realidade e a escolha de novos caminhos. Lyne, que filmou cinco finais possíveis, apresentou um desfecho ainda mais enigmático que a obra original de Chabrol.
Infidelidade (2002)
Título Original: Unfaithful
Duração:2h4min
Direção: Adrian Lyne
Roteiro: Claude Chabrol (La femme infidelle)
Adaptação: Alvin Sargent, William Broyles Jr.
Estrelando: Diane Lane, Rchard Gere, Erik Per Sullivan, Olivier Martinez
Mais informações: IMDB - FILME INFIDELIDADE (2002)
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