O planeta dos macacos: a guerra


O último longa da trilogia "Planeta dos Macacos", dirigida por Matt Reeves, que narra a história do macaco Caesar, apresenta uma batalha épica pela sobrevivência, questionando o futuro da humanidade.


Neste terceiro episódio, Caesar (Andy Serkis) lidera um grupo de macacos que, escondidos na floresta, tentam se defender dos constantes ataques de soldados. Assombrado pela lembrança de Koba (Toby Kebbel), ele procura uma oportunidade para acabar com o confronto. Entretanto, novas traições entre os chimpanzés colocam o acampamento em perigo, sendo atacado por mais uma patrulha comandada pelo Coronel (Woody Harelson). Com novas baixas, a perspectiva pacifista de Caesar parece mudar, e agora ele não deseja apenas manter os macacos em segurança, mas vai buscar o confronto direto.


O Coronel de Woody Harelson é um opositor à altura de Caesar. Apesar de ser uma figura militar extremista, comandando uma legião de soldados doutrinados pelo ódio aos macacos, o personagem não é raso. Sua construção psicológica é um dos pontos altos do filme. O embate entre Caesar e o Coronel não se dará apenas no campo de batalha, mas ao nível da inteligência e da compreensão do que separa e aproxima as duas espécies. No planeta em que os humanos foram praticamente dizimados pelo vírus símio, os remanescentes lutam não somente pela sobrevivência, mas pela hegemonia e poder. O mais humano dos macacos se tornará refém do desejo de vingança? O que nos resta de humanidade quando a violência advinda das ideologias de extermínio e a insanidade dominam as pessoas? Parecem ser questões colocadas pelo diretor no transcorrer do filme.


A trama ainda apresenta novos personagens, que dão frescor à narrativa, apresentando momentos de pura poesia e humor. A garotinha Nova (Amiah Miller), uma das sobreviventes do vírus símio, e o macaco mau (Steve Zahn), responsável pelo alívio cômico, vão acompanhar Caesar em sua jornada. Sem dúvida um bom recurso utilizado pelo cineasta para quebrar a tensão crescente entre os personagens centrais. 

Talvez Matt Reeves também queira chamar atenção para a crescente intolerância das políticas nacionais e o revanchismo. Não é à toa que está lá a bandeira norte-americana, riscada com um símbolo que, de longe, nos remete à suástica nazista. Se Caesar luta pela liberdade e toda a forma de opressão, ele não é um selvagem. A brutalidade é que transforma o indivíduo. O filme impressiona não apenas pelos efeitos especiais, mas pelo aprofundamento da narrativa e de seus personagens.

Avaliação: Muito bom

Elisabete Estumano Freire.


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